Klabin na mídia
13/12/2022
Institucional
CEO da Klabin: A importância do 'valor real' para o futuro
Defendo que a importância da “economia real”, com dados tangíveis e sustentáveis, deve tomar mais espaço na hora de mensurar o “valor real” de companhias e atividades, a fim de trazer retornos mais perenes, maior rentabilidade e, consequentemente, mais renda
Tecnologia, inteliência artificial e digitalização são características importantes e necessárias para o desenvolvimento econômico e social. Mas ao levar em consideração apenas essas variáveis ao mensurar o valor de empresas, muitos desequilíbrios acabam surgindo, ainda mais neste momento em que a sustentabilidade tem ganhado corpo na demanda de parte de investidores e opinião pública.
Por isso, defendo que a importância da “economia real”, com dados tangíveis e sustentáveis, deve tomar mais espaço na hora de mensurar o “valor real” de companhias e atividades, a fim de trazer retornos mais perenes, maior rentabilidade e, consequentemente, mais renda.
Proponho uma reflexão: o valor de mercado da Amazon já atingiu o pico de US$1,88 trilhão em 2021, em novembro deste ano, conquistou a marca de ser a primeira empresa de capital aberto no mundo a perder US$ 1 trilhão em valor de mercado impactada, entre outros, por lucro aquém do esperado.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil todo fechou 2021 valendo R$8,9 trilhões, segundo o próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Numa conta simples, e levando em consideração o dólar a R$5,58 - cotação que fechou o ano passado -, toda a nossa economia equivalia a US$1,59 trilhão naquele momento.
A Amazon, portanto, “perdeu” o equivalente a mais de 60% do Brasil todo. Possível? Claro, porque foi o que aconteceu. Justo e real? Não, porque estamos falando de toda a riqueza material, ambiental e intelectual produzida por uma das maiores economias do mundo.
Fui ao extremo para chamar a atenção de exageros que muitas vezes os mercados financeiros cometem ao determinar preços dos papéis de empresas. E o cenário fica ainda mais sensível neste momento em que a questão climática é tema urgente na pauta de todos, principalmente de empresas, cuja responsabilidade socioambiental se torna cada vez mais uma obrigação.
Não são poucas as vezes que, em momentos de estresse financeiro e/ou econômico, especialistas recomendam papéis de “empresas reais”, como agora, em que o cenário inflacionário no mundo está ganhando corpo nas estimativas mais longas. Por isso, atividades ligadas a commodities e setor imobiliário, por exemplo, podem entrar na mira para compra.
O mesmo raciocínio cabe para defender a bioeconomia, que une Ciência e Natureza para aproveitar toda a potência econômica e ambiental de diversas atividades. Ativos florestais, com árvores em pé, são exemplos que, além de ajudar a segurar o tão ameaçador aquecimento global, gera rentabilidade dentro de um mercado de carbono que está sendo construído, inovação, valor a empresas e renda para a população envolvida. Resumindo: valor real para um futuro real.
Neste contexto, é preciso enxergar a rentabilidade das empresas e esse raciocínio envolve conhecer o futuro de cada uma delas. Sim, o futuro, porque rentabilidade passada não é garantia, de jeito nenhum, de ganhos seguintes. É lá na frente que investidores em geral também querem continuar ganhando retornos, não apenas de um dia para o outro, ainda mais quando falamos de investidores pessoas físicas.
E falar em futuro é necessariamente falar em sustentabilidade, em critérios que envolvam meio ambiente, questões sociais e de governança. Ainda é preciso aprimorar as metodologias para mensurar com mais qualidade tais variáveis, mas é certo que estamos caminhando neste sentido e que, cada vez mais, deveriam ser levadas em consideração no momento de precificar ativos de empresas e grupos.
*Cristiano Teixeira é embaixador pelo Clima da Rede Brasil do Pacto Global da Organização das Nações Unidas, membro do Business Leaders da COP26 e COP 27 e CEO da Klabin.