Klabin na mídia
12/07/2022
Institucional
CEO da Klabin: Meio ambiente e democracia, um ciclo virtuoso
Falar sobre democracia e meio ambiente é tratar de adaptação, é buscar trazer melhor qualidade de vida, oportunidades e renda, com atividades econômicas sustentáveis e produtivas
A necessidade de defender o meio ambiente para mitigar os efeitos climáticos que impactam a vida das pessoas tem sido cada vez maior diante de vastos dados científicos que escancaram consequências climáticas devastadoras causadas por ações humanas.
Atuar sobre essa causa pode garantir qualidade de vida para as populações e, neste ponto, tanto o setor público quanto o privado devem falar a mesma língua. A ferramenta inexorável para tornar tudo isso possível é a democracia.
Por essência, o sistema democrático existe para representar as escolhas da população, ou seja, todos nós. Por meio dele, são escolhidos os candidatos que devem atender às demandas básicas e profundas da sociedade e, por isso, focar em questões realmente importantes.
A democracia é o melhor sistema disponível para esse fim e não se resume apenas a uma organização política e legal, mas também a um modo de convivência que envolve atitudes, comportamento e participação de todos.
Não por menos, pontos democráticos e ambientais estão ligados ao bem-estar das pessoas, que podem sofrer consequências sociais e econômicas, como maior êxodo, por conta das mudanças climáticas cada vez mais evidentes.
Falar sobre democracia e meio ambiente é tratar de adaptação, é buscar trazer melhor qualidade de vida, oportunidades e renda, com atividades econômicas sustentáveis e produtivas. Por isso se complementam e demandam o bom e harmônico funcionamento das instituições públicas e privadas.
Neste contexto, até o mais cético dos liberais enxerga a necessidade de evitar o refluxo social que está sendo desenhado, entre outros, com os problemas ambientais. Portanto, aqui entram as organizações empresariais, que não estão voltadas apenas para garantir retorno aos seus investidores, mas contribuir de maneira ativa e voluntária para ações de natureza social, como conservação do meio ambiente, melhor distribuição de renda ou até mesmo fortalecimento da democracia.
O bem-estar social, com renda mais distribuída, é importante para que essa engrenagem rode sem percalços e se retroalimente.
Neste ciclo é imprescindível trazer a educação como forma transformadora de ideias. Por meio dela, o sistema democrático se torna mais eficaz porque as pessoas são preparadas e têm a oportunidade para entender seus papéis, suas responsabilidades diante do que é realmente importante.
E, neste momento, combater o aquecimento global é uma necessidade para melhorar as condições humanas do presente e do futuro, por meio de atividades sustentáveis e uma economia mais circular, por exemplo.
Não é segredo a ninguém que a educação brasileira é atrasada e há séculos vem sendo tratada com desdém. E em todos seus graus: no Ensino Fundamental, as crianças não são alfabetizadas na idade correta; no Médio, a evasão escolar é o maior problema; e, no Superior, temos pouco acesso e muitas vezes apenas elitizado.
São cenários agravados pelo desemprego elevado e violência, entre outros. O resultado são crianças e jovens sem aprendizado adequado e habilidades mínimas de linguagem, por exemplo.
Com já escreveu Ricardo Abramovay, especialista e professor-sênior do Programa de Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP: “Os limites entre o mundo dos negócios, a sociedade e a política não estão, felizmente, traçados de antemão, mas são permanentemente reconstruídos por meio dos próprios conflitos sociais. A empresa, neste sentido, também é parte da construção democrática”.
Reforço, com isso, a importância de atuação do sistema democrático, com um governo capaz de criar regulamentações que busquem o bem-estar da sociedade, trazendo consigo o setor privado nesta empreitada, porque este tem a capacidade de atuar prontamente quando está em um ambiente de plena governança.
*Cristiano Teixeira é embaixador pelo Clima da Rede Brasil do Pacto Global da Organização das Nações Unidas, membro do Business Leaders da COP26