Klabin na mídia
03/05/2022
Institucional
CEO da Klabin: Quando já há soluções ambientais e econômicas ao nosso alcance
Unir forças e alinhar diferentes atividades para mudar esse cenário tem se mostrado muito eficiente, elevando inclusive a produtividade e a renda, e ainda com grandes potenciais
O alerta que ecoa no mundo sobre a necessidade de mitigar os impactos ambientais e econômicos que o aquecimento global tem causado de fato já chamou atenção de boa parte de governos, empresas e opinião pública, estimulando debates sobre como podemos mudar esse cenário.
Mas é preciso olhar para o lado também, porque já há soluções comprovadamente eficazes ao alcance de nossas mãos e que parecem estar esquecidas ou subutilizadas, inclusive aqui no Brasil. Uma delas é a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), sistema que tem potencial para melhorar a produtividade da nossa atividade agrícola, trazendo benefícios que vão além do ambiental, mas também econômicos e sociais.
Hoje o desmatamento de florestas, em especial na Amazônia, é o grande responsável pelas emissões de gases de efeito estufa no Brasil. Indústria, pecuária, energia e resíduos são outros emissores de gases, como o metano, que também alimentam o desarranjo climático.
Unir forças e alinhar diferentes atividades para mudar esse cenário tem se mostrado muito eficiente, elevando inclusive a produtividade e a renda, e ainda com grandes potenciais. Só o agronegócio respondeu por quase 30% do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil no ano passado, segundo cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea-USP), com salto de 8,36% sobre 2020. É a maior fatia desde 2004 e as perspectivas são de mais expansão.
Essa vocação no agronegócio do Brasil não pode ser desperdiçada e precisa ganhar mais holofotes sobre quanto pode ser eficiente nas esferas ambiental e econômica. Em recente matéria publicada na revista Pesquisa Fapesp**, foi contado como o uso do ILPF -- que basicamente prevê ação conjunta entre atividades agrícolas, florestais e pecuárias em uma mesma área e capaz de sequestrar carbono da atmosfera compensando as emissões do gado— melhorou a produtividade de uma fazenda localizada em Rondônia.
O ILPF já é usado em outras regiões no Brasil e com resultados que mostram possibilidade de retorno positivo em menos de dois anos. Esse processo também ajuda a aumentar a produtividade da pecuária, em alguns casos dobrando o número médio de cabeças por hectare.
Todo esse ciclo virtuoso leva o gado a engordar mais rapidamente, refletindo em maior eficácia e menos emissões. A floresta entra nesta engrenagem também ao melhorar as condições do solo, capturar emissões de carbono e agregar mais uma atividade ao mesmo espaço, ou seja, é ganho de eficiência e produtividade sem aumento de custos.
Estamos diante de um desafio grande, mas soluções como essas, fáceis de implementar, podem gerar melhora da atividade agropecuária e florestal e, ao mesmo tempo, reduzir e/ou compensar as emissões. Não por menos, durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP26, no final do ano passado, cerca de 100 países (inclusive o Brasil) assumiram o Compromisso Global sobre o Metano, concordando em reduzir em 30% as emissões do gás até 2030.
Diante da demanda crescente por alimentos, bioenergia e produtos florestais, ao mesmo tempo em que é urgente combater com firmeza o desmatamento ilegal e brecar o aquecimento global, é fundamental que incentivemos o uso de tecnologias e manejo que tratem com o mesmo peso essas questões.
O agronegócio brasileiro já demonstrou sua capacidade de transformação e criação de valor para toda a sociedade. Continuar apostando na eficiência e no uso do solo parece ser ainda um bom caminho.
* Cristiano Teixeira é embaixador pelo Clima da Rede Brasil do Pacto Global da Organização das Nações Unidas, membro do Business Leaders da COP26 e CEO da Klabin.