Klabin na mídia
19/03/2020
Projeto Puma II
Klabin lança papel para embalagem feito 100% em celulose de fibra curta
Maior fabricante de papéis para embalagem e de embalagens de papelão ondulado do Brasil, a Klabin está a caminho de produzir em larga escala o primeiro kraftliner do mundo feito exclusivamente a partir da fibra de eucalipto. O produto, batizado Eukaliner, rendeu premiação inédita à companhia brasileira, num dos mais importantes fóruns da indústria global de celulose e papel, e será fabricado na primeira máquina de papel do Projeto Puma II, em Ortigueira (PR), a partir de maio de 2021.
A capacidade da nova máquina, que integra o projeto de R$ 9,1 bilhões em investimentos lançado no ano passado pela Klabin, será de 450 mil toneladas por ano e o Eukaliner poderá ser usado em uma extensa linha de produtos, especialmente em caixas de alimentos que viajam o mundo, e precisam ser mais leves, e no comércio eletrônico. “Claramente conseguimos obter propriedades interessantes com a adição de eucalipto à receita de kraftliner. Boas surpresas apareceram do ponto de vista de performance”, disse ao Valor o diretor do negócio de papéis da Klabin, Flavio Deganutti.
Tradicionalmente, o kraftliner é obtido a partir da celulose de fibra longa, oriunda do pinus, conhecida por sua resistência – característica essencial para embalagens que serão empilhadas. Contudo, diante da diversidade de seus ativos florestais e das vantagens que a celulose de eucalipto oferece em relação à fibra longa, incluindo custo, a Klabin começou a testar combinações das matérias-primas a partir do início dos anos 2000.
De acordo com o executivo, a decisão de produzir o kraft com 100% de eucalipto foi tomada em 2015 e, de lá para cá, a companhia produziu alguns lotes, permitindo que o produto fosse testado em diversos clientes. Os testes mostraram que a celulose de eucalipto oferece boa resistência ao empilhamento, por ser mais densa. Na prática, essa característica permite reduzir o peso do papel usado na embalagem. “Trabalhar com papéis mais leves traz ganhos de logística, é um elemento importante para competir com alguns plásticos e é mais sustentável”, explicou. Assim como no processo de produção dos diferentes tipos de celulose, o kraftliner feito com fibra de eucalipto tem custo menor do que o pinus, já que as florestas são mais produtivas e de ciclo mais curto.
Além disso, segue Deganutti, a fibra curta oferece melhor qualidade de impressão. Como muitas vezes a caixa de papelão ondulado cumpre o papel de primeiro contato da marca com o consumidor, cada vez mais se dá valor à impressão também nessas embalagens. Do lado do cliente, o Eukaliner mostrou bom desempenho nos equipamentos existentes. “O Eukaliner é substituto pleno para algumas aplicações e alternativa para uso misto em outras. Hoje, temos a opção de ter fibra curta onde antes era exclusivo para fibra longa. É a fibra certa para a aplicação certa”, disse.
Segundo o diretor de tecnologia industrial, inovação, sustentabilidade, projetos e negócio de celulose da Klabin, Francisco Razzolini, a fibra de eucalipto também garante maior rendimento industrial, o que faz com que o processo produtivo consuma menos energia. Do ponto de vista da sustentabilidade, há necessidade de menos madeira, acrescenta. “A máquina que a Klabin está construindo precisa de 30 mil hectares [de eucalipto plantado]. Na Escandinávia, a mesma máquina precisaria de 300 mil hectares”, comentou.
A Klabin produz cerca de 150 mil toneladas por ano de kraftliner com 80% de eucalipto e vê demanda crescente por papéis que levem esse tipo de fibra. No caso do Eukaliner, a companhia já tem pré-contratos para venda. Conforme Razzolini, o cronograma de implantação do projeto Puma II está mantido, a despeito da crise causada pela covid-19, e não há registro de atraso na entrega de equipamentos até o momento, nem mesmo daqueles que montados na China.
Com a tecnologia do Eukaliner, a Klabin se consagrou vencedora na categoria Inovação em Embalagem da 11ª edição do PPI Awards, da consultoria Fastmarkets RISI, na semana passada. O prêmio é um dos principais reconhecimentos do setor no mundo.