06/09/2022

Institucional

CEO da Klabin: 200 anos 'mais rápidos estão no radar'

Setores que há algumas décadas eram considerados de base, hoje são essenciais para esse futuro mais inovador, tecnológico e 'rápido' que na realidade já estamos vivendo

 

O Brasil está completando 200 anos de independência formal e, olhando em perspectiva, muitas mudanças ocorreram nestes dois séculos, mas certamente elas parecerão “mais lentas” do que as que devemos ver nos próximos 200 anos. A rapidez das informações e das relações exigem dos atores econômicos repostas mais amplas, com o futuro do “fazer business” levando em considerações variáveis até então menos focadas, como empatia, cooperação e trabalho em conjunto.

Setores que há algumas décadas eram considerados de base, em especial na indústria, hoje são essenciais para esse futuro mais inovador, tecnológico e “rápido” -- que na realidade já estamos vivendo --, mas também mais social e ambiental.

A industrialização brasileira começou bem mais tarde, apenas no século XX, se comparada ao movimento ocorrido em países desenvolvidos. Foram pelo menos 200 anos depois da Europa. Hoje, podemos dizer que estamos bem industrializados, com investimentos em todos os setores, uma economia mais aberta e caminhando para conquistar mais independência tecnológica.

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a indústria brasileira corresponde a cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, sendo que representa quase 70% dos investimentos empresariais em inovação e produtividade. Há ainda o que ser feito, afinal respondemos por apenas 1,5% da produção industrial mundial, porém o caminho está traçado.

Além da tecnologia e inovação que a indústria brasileira gera, puxando esse segmento e certamente guiando uma das rédeas nas próximas décadas, ela também tem a agilidade para se adequar às novas demandas que surgem dos consumidores. Um exemplo são os segmentos de embalagens e transportes com o avanço do e-commerce --acelerado pela pandemia e necessidade de as pessoas ficarem em casa.

Consumir via um aplicativo de celular ou pelo computador entrou definitivamente no dia a dia dos brasileiros, com o transporte de produtos, necessidade de ser mais veloz, e em embalagens que garantam a qualidade daquilo que será consumido. Tudo isso demanda tecnologia e adaptação rápida, exemplo de que o nosso “fazer business” realmente acelerou.

Mas também podemos perceber um olhar mais humano nesta nova e mais veloz roda de desenvolvimento. E novamente uso o e-commerce, transporte e embalagens como exemplo: historicamente, as pessoas mais vulneráveis, moradoras de comunidades onde muitas vezes osserviços não chegam, não conseguem comprar remotamente. Não havia quem entregasse o produto na sua porta.

Mais recentemente vimos uma startup ser criada, por membros de uma comunidade, que assumiram essa tarefa. Com tecnologia, logística, parcerias com grandes distribuidores e até injeção de capital vinda de plataforma de crowdfunding, a Favela Brasil XPress hoje já distribuiu mais de 700 mil pacotes nas comunidades e tem planos de crescer para diversos estados.

Por isso, com a velocidade do tempo parecendo muito mais rápida e inovadora, estamos diante de um cenário sem volta, e isso é bom. A tecnologia sendo usada para trazer mais facilidades aos consumidores, mas com preocupação de atender a todos eles. Sem exceção.

*Cristiano Teixeira é embaixador pelo Clima da Rede Brasil do Pacto Global da Organização das Nações Unidas, membro do Business Leaders da COP26 e CEO da Klabin.*

 

https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2022/09/ceo-da-klabin-200-anos-mais-rapidos-estao-no-radar.ghtml