14/08/2019

Pesquisa & Inovação

As 5 lições que estes executivos da Klabin aprenderam ao abrir uma startup

Trabalhando há anos em uma grande empresa, quatro funcionários foram realocados para um coworking para desenvolver um novo canal de vendas

 

Luana, Jonas, Luís Felipe e Aniara trabalhavam na mesma empresa, mas se conheciam só de vista. Isso até dois anos atrás, quando foram selecionados para um novo projeto e convocados a trabalhar juntos, na mesma sala, em um coworking fora da companhia. O desafio? Criar ume-commerce para a Klabin, a partir do modelo de trabalho de uma startup, bem diferente do que está acostumado quem trabalha há anos em uma empresa com muito mais de mil funcionários.

 

Cada qual com sua expertise — Luana era da comunicação, Jonas trabalhava com design, Luís Felipe era de desenvolvimento de produtos e Aniara, da área financeira —, os quatro executivos descobriram que tinham algo em comum: “a gente incomodava um pouco”, brinca Luís Felipe. Um incômodo que tinha a ver com o perfil questionador, bastante comum aos empreendedores, e que veio muito a calhar no novo modelo de trabalho proposto pela Klabin.

Passados dois anos, a iniciativa trouxe resultado. Desde 3 de junho de 2019, está no ar o Klabin For You, um e-commerce de embalagens voltado ao consumidor final. Pelo site, os clientes podem personalizar os produtos comprados e enviá-los para sua casa ou pequena empresa.

 

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Mas, se a ideia da Klabin era “apenas” desenvolver um novo canal de vendas de forma ágil,  Luana, Jonas, Luís Felipe e Aniara garantem que ganharam muito mais do que uma nova função. A iniciativa, diz Jonas, levou o grupo de executivos a desenvolver habilidades que eles jamais pensaram ser possível adquirir em uma grande empresa. Todos guardam no bolso lições bastante valiosas. Confira o que eles aprenderam:

 

1. Gestão horizontal pode dar certo

 

A gestão operacional foi fácil de organizar. Cada um executava as tarefas com as quais estava mais familiarizado. Mas e as decisões estratégicas? Essas, por escolha do grupo, eram decididas por todos, por meio de discussões, consensos e, às vezes, votações. É uma opção bastante comum em startups e que, neste caso, funcionou sem grandes conflitos. O que eles não esperavam é que, além de compartilhar a responsabilidade, todos acabariam aprendendo mais com o modelo.

 

“Eu sou economista. Cuido do financeiro. Mas, se hoje me perguntarem sobre papelão ondulado e seus aspectos técnicos, eu sei responder muito melhor do que quando eu estava dentro da indústria, na área de estratégia”, diz Aniara. O grupo todo concorda e diz conhecer mais sobre o negócio da Klabin hoje do que quando trabalhava no formato tradicional.

 

2. O trabalho pode ser muito mais rápido

 

É consenso entre os quatro: dentro de uma estrutura convencional, o produto criado por eles poderia levar até o dobro do tempo para ir ao ar. Dedicados exclusivamente a um projeto e com liberdade para tomar decisões sozinhos, sem se submeter à inevitável burocracia de uma grande empresa, os executivos viram que era possível realizar um projeto muito mais rápido.

 

“A gente sofreu com isso dentro da empresa. Era comum demorar e dar muito mais trabalho. [Fora da Klabin], a gente acaba se pressionando para fazer o que é preciso o mais rápido possível”, afirma Luís Felipe.

 

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3. Colocar a mão na massa também é evoluir

 

Um dos grandes desafios de qualquer startup, especialmente no começo, é o CEO ser, por exemplo, a mesma pessoa que faz as entregas do produto. E esse foi justamente um dos apredizados dos executivos da Klabin. Ao mesmo tempo que eram responsáveis pelo desenvolvimento estratégico da nova plataforma, o grupo teve de colocar a mão na massa. O que significou postar nas redes sociais e cadastrar preços no site, entre outras funções que eles não faziam desde que eram estagiários.

 

“Voltar a ser o profissional que eu era aos 20 e poucos anos e entender que isso era uma evolução na minha carreira foi bastante desafiador”, diz Luana.

 

4. Responsabilidade pesa

 

Os quatro executivos sentiram o peso da responsabilidade ao se verem livres das instâncias superiores. “Eram decisões menores, mas se desse algo errado era nossa culpa”, afirma Aniara.

 

Luís Felipe concorda e ressalta “Você leva para casa, fica mais tenso, pensa mais… Como um empreendedor mesmo”.

 

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5. Sair da zona de conforto faz bem

 

“Sair da zona de conforto é um aprendizado constante”, diz Jonas. O designer que ensinou aos colegas conceitos gráficos, enquanto aprendia sobre finanças e processos jurídicos, acredita que esta é a maior lição desta experiência.

 

Os outros executivos assinam embaixo e ressaltam: sair do escritório e ganhar autonomia desenvolve a criatividade, e não só para pensar num projeto “fora da caixa”. Mas também para solucionar problemas que jamais existiriam dentro de uma hierarquia tradicional.

 

“[Fora da Klabin], não podemos ter medo de sermos vulneráveis. A gente muda de ideia o tempo todo — e está tudo bem. Precisa ser assim para chegarmos no melhor resultado”, afirma Luana, compartilhando a lição que gostaria de levar a todos que vivem o dia a dia de uma grande empresa.

 

Por enquanto, o quarteto continua no coworking, mas agora concentrando esforços para que o produto cresça e alcance as metas traçadas para os próximos dois anos. E, dependendo do resultado, pode ser até que o time aumente.